O homem que filmou o momento em que os irmãos Kouachi assassinaram à queima-roupa o polícia muçulmano Ahmed Merabet revela agora que está arrependido de ter divulgado o vídeo, pois não sabia que ia ser tão divulgado, revela a Associated Press. “Precisava de falar com alguém. Estava sozinho em casa. Pus o vídeo no Facebook. Esse foi o meu erro”, confessou.
Nas imagens que correram os ecrãs das televisões mundiais, aparece Ahmed Merabet, o polícia muçulmano que estava já no chão, ferido, a pedir clemência, sendo depois brutalmente assassinado por um dos irmãos Kouachi.
De acordo com as declarações de Jordi à Associated Press, ele nem sabia o que estava a filmar, até pensou que os terroristas eram homens da SWAT (força policial). Estava a trabalhar quando ouviu os disparos e correu para a janela, pensando que se tratava de algum assalto.
Culpando o “pânico” e o hábito de pegar no telemóvel, o engenheiro começou a filmar e só quando assistiu à morte do polícia é que se apercebeu de que algo de grave se passava.
“Precisava de falar com alguém. Estava sozinho em casa. Pus o vídeo no Facebook. Esse foi o meu erro”, confessou o homem, que apenas deixou a filmagem de 42 segundos (sem edições) na rede social durante 15 minutos, apagando-a de seguida.
No entanto, de pouco valeu. As pessoas já tinham partilhado e já estava, inclusive, no YouTube. Em menos de uma hora, estava a aparecer na televisão de sua casa.
“Não há justificação [para o que eu fiz]”, adiantou, sublinhando que talvez seja culpa de mais de dez anos a interagir em redes sociais. “É um reflexo estúpido”, sustentou.
Recorde-se que o irmão de Ahmed Merabet, Malik Merabet, questionou, em conferência de imprensa este sábado, como foi possível difundirem aquelas imagens. “Como se atraveram a divulgar aquilo? Eu ouvi a voz dele. Reconheci-o. Eu vi-o ser assassinado e vejo-o ser assassinado todos os dias”, afirmou.