ONU alerta para perigos e vantagens da produção de biodiesel em Moçambique.
As Nações Unidas alertam num novo relatório para as vantagens e perigos que a produção de biodiesel pode ter em Moçambique, mas garantem que a população pode sair beneficiada.
O estudo, elaborado pela United Nations Industrial Development Organization (UNIDO), aborda a produção de etanol a partir de gramíneas e do eucalipto nas províncias de Gaza e Inhambane, no sul, e Nampula, no norte.
Quanto ao impacto que pode ter na economia, os autores lembram que Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, estando em 184 lugar, num total de 187 países, no Índice de Desenvolvimento Humano publicado em 2011.
"O investimento total e os salários totais terão um grande impacto no PIB [Produto Interno Bruto] local. Este valor será ainda maior se a criação de postos de trabalho indiretos forem tidos em conta", afirma o estudo.
A ONU acredita que "número de desempregados na região será sempre maior do que o número de trabalhos criados", mas defende que o desenvolvimento da industria "pode vir a provocar imigração laboral, porque muitos dos desempregados são agricultores que não estão a procura de fazer parte da força de trabalho".
"Um projeto de biocombustível pode potencialmente ter um grande impacto positivo no bem estar da população se diferentes medidas forem implementadas, como investimentos na educação, serviços de saúde, serviços sanitários e outras infraestruturas", pode ler-se.
Segundo o documento, nas regiões de Gaza e Inhambane já foram criados entre 9.6 e 11.7 mil postos de trabalho na produção de eucalipto e entre 6.7 e 8.3 na produção de gramíneas. Na região de Nampula, a cultura de eucalipto gerou entre 4.8 e 7.7 mil postos de trabalho e as gramíneas criaram entre 2.3 e 5.3 mil novos empregos.
No relatório nota-se ainda que, por cada pessoa empregada no pais, dependem normalmente cinco familiares, pelo que o impacto geral é muito maior.
A ONU sublinha que há apoio das autoridades para a atividade, através da implementação de políticas de produção sustentável de biocombustíveis, mas diz que há falta de clareza nas leis de uso de terras e de terrenos, como a coexistência de títulos de terra formais e informais.
"[As leis prediais no país] são frequentemente pouco claras e os procedimentos podem ser problemáticos e conduzir a conflitos", escreve-se no relatório divulgado este mês.
A nível ambiental, sublinha-se que a mudança na produção implica "emissões de dióxido de carbono significativas", mas diz-se que "a medida e os prazos em que isso será compensado pelas emissões evitadas com a substituição dos combustíveis fósseis vai depender" de vários fatores.
É ainda dito que a mudança para culturas como o eucalipto e gramíneas "provavelmente pode aumentar os problemas de seca" em algumas regiões.
Ao nível da biodiversidade, os autores enumeram vários problemas, mas ressalvam que "o impacto está sobretudo relacionado com a gestão de cada projeto" e que "existem várias medidas para manter e aumentar a biodiversidade."
Algumas empresas portuguesas, como a Galp Energia e a Visabeira, têm projetos agro-industriais de produção, comercialização e distribuição de biocombustíveis em Moçambique.
No estudo também se analisou o impacto da produção de biodiesel na Argentina e Ucrânia.
0 comentários:
Enviar um comentário